sexta-feira, 31 de agosto de 2007

III

Um cochilo, pelo amor de Deus.

Chuva, cólica e (não distante) aula vespertina. Não poderia haver combinação mais cruel. E como se não fosse o bastante, o sono corroia aquela pobre garota aos pouquinhos. Ela luta, não quer dormir, porque sabe que se ceder, é o fim, mergulhará num universo que a suga aos pouquinhos, que lhe mostra tudo o que ela realmente quer e que hesita em liberá-la para assistir aula. Seus pequeninos olhos observam o ambiente ao seu redor e tudo conspira para que se eles se fechem. A luz é filtrada por uma película lilás que colocaram em sua janela, Djavan canta da sala, do radinho de sua mãe, conduzindo-a ao ritual de ninar. Mas uma voz ecoa na sua mente - não durma... - deve ser o superego, maldito polícia. O confito interno é grande, mas, decide-se, por fim, tirar um cochilo. Ela também é filha de Deus e pensa que Deus, como um bom pai, protetor, zeloso, preza pelo bem-estar da filha. Filha, vá descansar!
E eu vou, pai, sem reclamar.

Um comentário:

Anônimo disse...

oooh, safiruska
nesse stress infindo do terceiro ano, parece que a poesia e a liberdade viram cinzas, reduzem-se a memórias de um tempo remoto, quando na verdade tudo isso é uma ilusão, fica tudo ali. Acho que você conseguiu permanecer com tudo isso com seu coraçãozinho persistente de hamster e com seus olhinhos mágicos de hamster.
(: